30.6.06

FOCU

Imbricar “estórias” vazias de amor, apenas eróticas… geometricamente dispostas para um sorvo repetido, maçador, maquinal! Quimera fantasista, nua.

Arrativu da vivência platónica vegeto num deboche de devassidão!

23.6.06

OVATIONE

Por tanto se quererem…
Entregaram os corpos a devaneios amorosos, proibidos, na esperança de que a morte surgisse no auge de uma excitação.
Só a memória das línguas, dos sexos, dos odores, da paixão… numa ovação de gemidos sentidos, intermináveis, restaria.


Por tanto se quererem… os amantes.

16.6.06

CARITIA

Nus. Á beira de todos.
Acariciaram-se cegamente.
Cravaram unhas na pele. Rasgaram a carne!
Qual orgasmo, o néctar jorrou pela mesa. Um copo tombou!
Nus. Á beira de todos.

Os nossos pés… por debaixo da mesa!

9.6.06

PROCURO-TE


Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Nas ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre – procuro-te.


(Eugénio de Andrade, in “As Palavras Interditas”)

2.6.06

COAGERE

Na ânsia de não coagir o mais puro desejo intrínseco existente, esquivo-me do meu verdadeiro eu, encarnando uma normalidade aparentemente consensual à existência. Mascarar a essência da vontade é contrariar a razão de ser, de sentir… de existir. No silêncio da escuridão ou no negrume taciturno de um momento, movimento um corpo entre iguais em gestos inertes de sentimento, cínicos, impassíveis.

“Un corazón solitario no es un corazón.”