29.9.06

LACRIMA

Escorrem, no tempo, gotas de água, frias.
Soltam-se entre nuvens tristes, cinzentas, carregadas…
como lágrimas de olhares sombrios, melancólicos, taciturnos.


Buscam, amiúde, arco-íris de cor… de paixão.

22.9.06

AUTUMNU

Folhas secas soltam-se na idade madura.
Folhas castanhas, sedutoras, douradas,

rodopiam em frágeis bailados naturais, lúbricos…

Queria ser folha. Remoinhar lascivamente e envolver-me em teus seios.

15.9.06

ARCHITECTURA

Carvão, papel… dedicação.
O traço flúi, conciso. Fundações, paredes, interiores, cobertura…
Pequenas alterações pairam à margem do esquisso; criam corpo.
Intersecções heterogéneas aglutinam-se num sentimento homogéneo de paixão.


É assim, também, a “arquitectura” do amor.

8.9.06

MUSA

Notas de música, vividas, saboreadas.
Feitas beijos, gestos, carícias.
Notas repetidas, ouvidas, amadas…
tocavam fundo no desejo sentido.

Os acordes ainda ecoam, sem beijos, gestos, carícias… sem musa.

1.9.06

PALAVRAS

São como um cristal,
as palavras.
Algumas, um punhal,
um incêndio.

Outras, orvalho apenas. (Eugénio de Andrade)