24.11.06

LIQUORE

A tarde finava-se no horizonte.
O frio, implacável, negou-lhes a maresia, a areia, o grito das gaivotas.
Aceitaram, cúmplices, o apelo da lareira e inebriaram-se em aromas de pinho e eucalipto. Crepitares da madeira provocavam o silêncio intimista e a chuva, tímida, roçava as vidraças, lânguida, cristalina.
Terno, ele, chegou-lhe aos lábios um doce e sensual néctar!
Duas gotas rolaram, lentamente, pelos seus seios… e os corpos explodiram, ali, num bailado frenético de línguas, corpos, fluidos, sexo.
O tempo perdeu-se na noção do momento e o orgasmo, longo, inanimou-os.
Já a noite se desvanecia na madrugada quando, em jeito provocatório, olharam de soslaio para o “Baileys”!

Duas gotas rolaram, novamente, pelos seus seios…

17.11.06

EROTICU

Os olhares fixaram-se, como encadeados, ali.
Á roda, havia sombras em movimento, indiferentes ao momento.
Penetrante, sensual, excitante.
Tão excitante como os cristais de açúcar, feitos diamantes, cravejados no batom escarlate dos seus suculentos lábios.
Saboreou o último gole de um arábico Queniano, intenso, aromático…
e saiu.

Na mesa, abandonado, ficou um erótico “Donuts”, trincado, que ele selvaticamente devorou.

10.11.06

JOCARI

Jogo…
de palavras, momentos, emoções.
Vivências solitárias, simbióticas, de vontades íntimas, únicas, indivisíveis.

Puzzle complexo, este, que se eclipsa com o termo da existência.

3.11.06

DEFUNCTUS

Intemporal… o tempo.
Encontros, meios-termos, desencontros, palavras.
Rumos de vida, sem retorno, incontornáveis. Penosos.
Máscaras disfarçam-se de rostos disformes e tentam sorrir.
Um par de “palhaços” troca carícias à mesa do café.
“Desenhos animados” movimentam-se no jardim.
Solitário, um “boneco” olha o horizonte.
Uma “matrafona”, petulante, insinua-se para gáudio de “caretos” que se babam, nojentos, desdentados.

É Dia de Finados. Mortos, que se julgam vivos, atropelam-se num labiríntico Cemitério.