23.2.07

ODIU

Quero odiar o que gosto em ti.
Sentir repulsa pelos teus lábios… beijando-os ternamente.
Rejeitar os teus cabelos… inebriando-me, neles.
Sobre o teu corpo, repugnante, asqueroso… quero adormecer.
Quero que te findes… findando-me contigo.

Porque já não te quero… nunca te tendo desejado tanto.

16.2.07

AESTIVU

Como Primavera bateste à janela de um Inverno, seduzindo-o.
Na exuberância dessa nudez natural, madura, desnudaste também um corpo há muito hibernado para as artes do afecto violento: a paixão.
Abriste-te, quente… e ele entrou. Entrou frio no teu doce leito de cheia e derreteu-se num frenesim de gemidos, gritos, surdinas.

Na memória, o esplendor desse Estio fugaz, efémero… dorido.

9.2.07

FLOCCU

Cruzaram-se, apressados, defronte dos Flocos Integrais!
Teriam por acaso gostos idênticos e trocaram, fugidiamente, um comprometedor sorriso e um “olá” de ocasião.
Seguiram… Seguiram o seu propósito reencontrando-se (por mero acaso?) na “passerele” rolante que precede o “beijo” final, apoteótico, do infravermelho no código de barras.
Lá fora, a noite tinha caído, já, sobre a cidade.
Entre um pausado e calmo sorriso e algumas palavras íntimas, saíram os dois.
Um manto de serenidade esperava-os para os envolver, no aconchego de um “enorme” T0, em aromas florais, notas de jazz e cetins.


Pela manhã, já alta, saborearam um pequeno-almoço de revigorantes Flocos Integrais.

2.2.07

FLUERE

Laivos de felicidade assolam-no de quando em vez.
Noções de um enamoramento, demasiado ténue, fazem-no acreditar na vida para além desta morte que a todo o momento flui.
Indiferente à realidade, parece esperar a reencarnação da sua paixão numa qualquer mariposa de asas coloridas e brilhantes.
Ingénuo? Talvez.

Mas… existirá maior ingenuidade que a inclinação da alma e do coração?