25.1.08

COCTIARE

Acordou em sobressalto... estremunhado, mal disposto, irritado. O atraso, por culpa do valioso “Ulisse Nardyn” que sucumbiu à ausência da corda podia ser fatal para a reunião que por certo lhe traria muitas mais-valias.
Espuma, “gilete”, duche, gel, champoo, toalha, desodorizante...
Sobre a camisa (que jogava, por mero acaso, com a gravata “Versace” que tinha à mão) vestiu um clássico “Armani” e encaixou nos pés uns genuínos “Prada”.
Sentou-se ao volante do “Jaguar” incomodado apenas por um estranho ardor que lhe surgia nos “sovacos”!
Já na reunião a estranha sensação virou uma selvagem e galopante irritação da epiderme: a concentração abandonou-o, o tino fugiu-lhe e a postura foi-lhe mortal para marcar a posição que tanto ambicionava.

A Governanta, por engano, deixou-lhe o mortífero spray com que liquidou a mosca varejeira no lugar do seu inocente desodorizante!