25.5.07

SENTIRE

Porquê escrever-te o amor rodeado de flores...
finais de tarde, gaivotas, mar, primavera?
Escrevo-te num chão sujo, num pinhal queimado, numa linha de comboio abandonada, numa casa em ruínas... na decrépita tasca da esquina fedendo ao escabeche de esquálidos carapaus há muito fritos!

Escrevo… porque te sinto.

18.5.07

STRATA

Galgando distâncias, sobre a faixa cor de luto, solto o inconsciente e deixo-o farejar pelos cantos sombrios de um espaço inexplicável.
Esqueço-me do tempo. Dos sons que me rodeiam. Da linha do horizonte que avança contra mim.
Esqueço-me das angústias que me asfixiam. Do destino incerto para onde vou...

galgando distâncias sobre uma faixa cor de luto tracejada a inocência.

11.5.07

SONU

Refugio-me na companhia de sons.
Altos, baixos, médios, graves, agudos....
vibrações, tão só.
Tons acústicos, de cordas que prendem.
Tons guturais, de gargantas que calam.

Sons de silêncio, de uma presença ausente que me apetece: tu.

4.5.07

INCERTEZA

Na incerteza do teu querer...
retraio a vontade do meu desejo.
Outras vezes, muitas...
na vontade do teu desejo retraio a vontade do meu querer.

Mas... vou acabar por ceder à vontade do teu querer soltando a vontade do meu desejo.